A interpretação mais comum do Sutra do Diamante é que é sobre a impermanência. Mas esta é uma suposição baseada em muita má tradução. Então o que isso significa?
A primeira pista sobre o tema, por assim dizer, deste sutra, é entender que é um dos Prajnaparamita - perfeição da sabedoria - Sutras. Esses sutras estão associados ao segundo giro da roda do dharma. O significado do segundo turno é o desenvolvimento da doutrina de sunyata e o ideal do bodhisattva que traz todos os seres à iluminação.
O sutra representa um marco importante no desenvolvimento do Mahayana. Nos primeiros ensinamentos do Theravada, muita ênfase foi dada à iluminação individual. Mas o diamante nos leva longe disso -
"... todos os seres vivos serão eventualmente conduzidos por mim ao Nirvana final, o fim final do ciclo de nascimento e morte. E quando este número infinito de seres vivos foram todos libertados, na verdade nem mesmo um único o ser foi realmente liberado.
"Por que Subhuti? Porque se um bodhisattva ainda se apega às ilusões da forma ou fenômenos como um ego, uma personalidade, um eu, uma pessoa separada ou um eu universal existente eternamente, então essa pessoa não é um bodhisattva."
A impermanência foi exposta pelo Buda histórico nos primeiros ensinamentos de virada, e o Diamante está abrindo uma porta para algo além disso. Seria uma pena perder isso.
As várias traduções inglesas do diamante são de qualidade variável. Muitos dos tradutores tentaram entendê-lo e, ao fazê-lo, embaralharam o que está dizendo. (Esta tradução é um exemplo. O tradutor estava tentando ser útil, mas ao tentar mostrar algo intelectualmente compreensível ele apagou o significado mais profundo.) Mas nas traduções mais precisas, algo que você vê repetidas vezes é uma conversa como essa:
O Buda: Então, Subhuti, é possível falar de A?
Subhuti: Não, não há A para falar. Portanto, nós chamamos de A.
Agora, isso não acontece apenas uma vez. Acontece repetidamente (assumindo que o tradutor conhecia o negócio dele). Por exemplo, estes são recortes da tradução de Red Pine:
(Capítulo 30): "Bhagavan, se existisse um universo, existiria o apego a uma entidade. Mas sempre que o Tathagata fala de apego a uma entidade, o Tathagata fala dele como nenhum apego. Assim é chamado 'apego a uma entidade. '"
(Capítulo 31): "Bhagavan, quando o Tathagata fala de uma visão de um eu, o Tathagtata fala disso como nenhuma visão. Assim é chamado de 'visão de um eu'".
Ao ler o sutra (se a tradução estiver correta), no Capítulo 3 você se depara com isso repetidas vezes. Se você não estiver vendo em qualquer versão que esteja lendo, encontre outra.
Para apreciar plenamente o que está sendo dito nesses pequenos recortes, você precisa ver o contexto maior. Meu ponto é que para ver para o que o sutra está apontando, aqui é onde a borracha encontra a estrada, por assim dizer. Não faz sentido intelectual, então as pessoas remaram por essas partes do sutra até encontrarem um terreno firme no verso da "bolha em uma corrente". E então eles pensam, oh! Isso é sobre a impermanência! Mas isso está cometendo um grande erro, porque as partes que não fazem sentido intelectual são críticas para perceber o diamante.
Como interpretar esses ensinamentos "A não é A, portanto, chamamos de A"? Hesito em presumir explicá-lo, mas concordo em parte com este professor de estudos religiosos:
O texto desafia a crença comum de que dentro de cada um de nós é um núcleo imóvel, ou alma - em favor de uma visão mais fluida e relacional da existência. Declarações negativas, ou aparentemente paradoxais do Buda, abundam no texto, como "A própria Perfeição da Percepção que o Buda pregou é ela mesma sem perfeição".
O professor Harrison elaborou: "Acho que o Sutra do Diamante está minando nossa percepção de que existem propriedades essenciais nos objetos de nossa experiência.
"Por exemplo, as pessoas assumem que têm" eus ". Se for esse o caso, a mudança seria impossível ou seria ilusória." disse Harrison. "Você seria de fato a mesma pessoa que você era ontem. Isso seria uma coisa horrível. Se almas ou" eus "não mudassem, então você estaria preso no mesmo lugar e seria como era quando você estava, digamos, dois [anos de idade], que se você pensar sobre isso, é ridículo ".
Isso é muito mais próximo do significado mais profundo do que dizer que o sutra é sobre a impermanência. Mas não tenho certeza se concordo com a interpretação do professor das declarações "A não é A", então vou falar com Thich Nhat Hanh sobre isso. Isto é de seu livro O diamante que corta a ilusão :
"Quando percebemos as coisas, geralmente usamos a espada da conceituação para cortar a realidade em pedaços, dizendo: 'Esta peça é A e A não pode ser B, C ou D.' Mas quando A é olhado à luz do surgimento dependente, vemos que A é composto de B, C, D e tudo mais no universo. 'A' nunca pode existir por si só. Quando olhamos profundamente para A, vemos B, C, D e assim por diante.Uma vez que entendemos que A não é apenas A, entendemos a verdadeira natureza de A e somos qualificados para dizer "A é A" ou "A não é A.". até então, o A que vemos é apenas uma ilusão do verdadeiro A. "
O professor zen Zoketsu Norman Fischer não estava se dirigindo especificamente ao Sutra do Diamante aqui, mas parece se relacionar -
No pensamento budista, o conceito "vazio" refere-se à realidade desconstruída. Quanto mais de perto você olha para algo, mais você vê que não está lá de maneira substancial, não poderia ser. No final, tudo é apenas uma designação: as coisas têm um tipo de realidade ao serem nomeadas e conceituadas, mas, de outro modo, elas na verdade não estão presentes. Não entender que nossas designações são designações, que elas não se referem a nada em particular, é confundir o vazio.
Esta é uma tentativa muito grosseira de explicar um sutra muito profundo e sutil, e não pretendo apresentá-lo como a sabedoria final sobre o Diamante. É mais como tentar nos empurrar na direção certa.
